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:: Vincent Thepaut / KS Waveskis ::







Vincent Thepaut

Em nome da KS Waveskis





Vincent Thepaut


Falarmos da KS, é falarmos da marca europeia líder de mercado de waveskis a nível mundial. Criada por Vincent Thepaut em 1996, a KS está sempre presente em todos os eventos de waveski. Ao equipar centenas de atletas um pouco por todo o mundo, a marca francesa afirmou-se como inspiração para muitos que querem iniciar-se nas ondas com um wave. Vincent Thepaut, 45 anos de idade e muitos anos a surfar de prancha, aplicou todo o conhecimento adquirido nos waveskis que criou. Viajou muito, entrou em contacto com os melhores shapers e só depois criou a KS. Hoje, apresenta uma gama de pranchas que pretendem responder a todas as demandas de mercado. Dos mais básicos aos de alta performance, há sempre um KS que, nas palavras de Vincent, responde às exigências de cada um.

Nesta conversa com Vincent, ficamos a saber que defende os eventos conjuntos entre kayaksurf e waveski (tal como em Portugal) para assegurar um futuro melhor para a modalidade. Aliás, defende igualmente o papel de extrema importância que os clubes de canoagem têm na promoção deste desporto. Detentor de anos e anos de experiência no meio, o shaper francês dá ao kayaksurf.net uma entrevista de luxo. Vincent é uma voz experiente que explica detalhadamente as suas técnicas (pedimos desde já desculpa pelos estrangeirismos usados nestas descrições), que nos apresenta o KS Team, que nos revela as novidades para este ano e que assume um tom apaixonado pelas ondas do nosso país. Fique agora a conhecer um pouco mais da KS.




Olá Vincent… apresenta-nos a KS.

É uma marca de waveskis e de pranchas de surf que eu próprio criei em 1996 porque era muito difícil encontrar material para o waveski nos anos 80 (tanto em França como no resto da Europa). Eu já “shapava” desde 1989. Fazia o meu material e o de alguns amigos. Depois viajei um pouco por todo o lado desde 1992 e conheci muitos riders e shapers: Christo, Kola, Nicky Cartens, Neil Decker, Macski… alguns deles partilharam comigo algumas dicas e moldes (obrigado Nicky) quando trabalhámos juntos.





Quais as maiores diferenças entre a KS e as outras marcas do mercado?

É difícil de dizer mas as principais diferenças no shape de uma prancha (ou o que as torna tão populares em todo o mundo), são os rails (geralmente muito finos) e como consigo distribuir o volume de uma melhor forma… eu costumo dizer que o mais importante numa prancha são os rails. Têm que ser bons. A combinação que depois uso com o fundo da prancha também é importante: o que tenho aplicado às minhas pranchas é uma síntese entre estes dois conceitos (algum V, algum concave, algumas secções planas…)

Vê-se que apostas muito no aspecto exterior dos teus waveskis…

Acerca da produção e do aspecto geral da prancha: a diferença é que eu trabalho como trabalhava nas pranchas de surf. Com espuma, stringer em madeira e faço a pintura directamente no foam. Depois uso epoxy de alta qualidade na laminagem. Daí que o aspecto seja muito aproximado a uma prancha de surf e podes ver a qualidade. Talvez por isso é que os waves KS também sejam tão conhecidos. Eu sempre apostei na qualidade e sempre estive envolvido neste desporto. Por fim, posso dizer que a KS já foi 3 vezes campeã do mundo, 8 vezes na categoria feminina e muitos outros títulos em júnior e new age, provas europeias, nacionais… tantas que já nem me recordo. Quase todos anos a KS ganha títulos. Obrigado aos riders!!




Stefano Bellotti / Italy KS Waveski Team



E especificamente sobre o “shape”… como é que as pranchas da KS evoluíram

Tal como já disse, eu viajei muito, competi e conheci muita gente. Fui sendo influenciado por muitos mas, principalmente, pelo Christo e Nicky. O meu design é um misto de ambos que fui adaptando às necessidades do mercado, por isso, foi passo a passo que cheguei até aqui. Às vezes há pequenos detalhes nos diferentes designs que quase ninguém vê. A minha experiência com as pranchas de surf também me ajudou no fabrico pois, na construção, tenho usado recentemente a fibra de epoxy ou carbono nos rails. Em 2011 comecei também fazer as primeiras pranchas a vácuo e foram um sucesso com o Virgile Humbert no Mundial de Waveski em Portugal onde ganhou o título principal com este tipo de prancha.

Apresenta-nos agora o novo ONE 155… qual o público alvo deste wave?

O ONE 155 é um waveski para principiantes até 100kg de peso. O objectivo é fazer com que qualquer pessoa possa descobrir o waveski. Com esta prancha, procurei evoluir o antigo Slide (master). O ONE 155 tem um centro de gravidade mais baixo, é largo, com um assento melhor e finca pés. Como tem epoxy na construção, é mais forte e a cobertura pode ser feita com EVA (material bom para as escolas) ou pode ser pintado para um consumidor privado.





Por último, os acessórios foram desenvolvidos para duas versões: a de iniciação com cintas para os joelhos, cinto e finca pés. Os finca joelhos são para os que têm algum receio do cinto porque assim, o modelo fica mais aproximado do sit-on-top. Depois, à medida que evoluir, a pessoa pode passar para a versão com cinto e finca pés.

Quanto ao surf que proporciona, é um modelo interessante porque, apesar da largura do ONE 155, ele surfa bem graças ao rail e muda de direcção com muita facilidade graças ao grande V do casco e ao “double concave”. Tu sentes-te mais confiante e confortável no ONE 155 porque o centro de gravidade é mais baixo e é mais fácil de esquimotar graças às cintas dos joelhos. Outra vantagem deste modelo é a relação qualidade/preço que é muito boa.

Que outras novidades vamos ter para 2013?

Estou a trabalhar noutro modelo na linha do ONE. Será mais pequeno, para riders mais leves e com mais experiência. Tem o mesmo objectivo que o Slide Super mas com as melhorias já descritas do modelo ONE 155. Será um modelo para praticantes com alguma experiência de kayak ou waveski daí que possa interessar aos clubes e escolas. Tal como o ONE 155, terá duas versões com acessórios diferentes e dois tipos de acabamentos. O próximo passo, é promover estes modelos numa rede de escolas e clubes.





O protótipo já está feito e vai ser testado em breve antes de entrar em produção. Outro projecto para 2013, é fazer um novo modelo mas para uma classe intermédia (tal como um custom). Mantém-se a mesma estratégia dos outros modelos: melhor qualidade, melhor preço, bons acessórios e menores períodos de espera. O principal motivo destes modelos é fazer com que o waveski cresça passo a passo de forma a que as encomendas aumentem e que depois passem para os custom.


"Eu só tenho duas mãos e um cérebro…

não consigo trabalhar como uma máquina de forma a responder a todos com modelos custom".











Eu só tenho duas mãos e um cérebro… não consigo trabalhar como uma máquina de forma a responder a todos com modelos custom. A maioria dos riders de nível médio, ficará contente por ter uma prancha mais rapidamente e mais económica! Serão modelos destinados a abranger vários pesos e medidas porque terão um finca pés ajustável. Por último, claro que continuarei a trabalhar nos modelos custom e produzir algumas pranchas a vácuo para os Team Riders da KS.

Quantos atletas tem a KS Team Riders neste momento?

Eu tenho muitos riders em diferentes países. São aproximadamente 10. O campeão do Mundo de 2011, Virgile Humbert, é um dos craques no topo da lista, juntamente com Clement Guilbert, vencedor da Taça de França de waveski 2012; Nathan le Bars, o melhor júnior 2012 em França e vice-campeão do mundo. A minha melhor atleta é a Coralie Jousset e até eu já venci várias vezes em Master! Tenho depois alguns riders históricos como o Julien Billard (vice-campeão do mundo 2006) ou Malan Calitz da África do Sul, finalista no Mundial de 2009. Na Irlanda, tenho o Marty McCann nos Séniores e na Itália, Stefano Bellotti, na categoria New Age desde 2011. Arthur Schott , um rider espectacular da Ilha da Reunião, está a viver agora em França e só espero que ele consiga competir nas provas francesas e no resto da Europa este ano. A lista de nomes do Team para 2013 ainda não está fechada e posso dar-te dois novos nomes: Tony Cherry da Nova Zelândia / Austrália e Sam Jones da Inglaterra.



Some of the KS Waveski Team


Como é que vês a evolução do waveski no mundo?

Numa escala mundial, eu acho que, se queremos desenvolver o nosso desporto, temos que organizar eventos maiores em conjunto com o kayaksurf. Mas as categorias e regras devem ser simples de forma a que todos possam participar. Eu estimo que o número de praticantes de waveski no mundo ande à volta de 2000, 3000 ou talvez 5000 se contarmos com o kayaksurf. Muitos já experimentaram o waveski mas só 300 ou 400 o praticam realmente com o intuito da competição. Acho que se o mercado evoluir, veremos mais modelos e também mais baratos de forma a que estejam acessíveis em todo o mundo.


"Numa escala mundial, eu acho que, se queremos desenvolver o nosso desporto,

temos que organizar eventos maiores em conjunto com o kayaksurf.

Mas as categorias e regras devem ser simples de forma a que todos possam participar".














Nós não estamos muito longe do SUP, portanto, é possível crescer… isto é numa perspectiva mais comercial e privada mas, no aspecto institucional, as coisas ainda podem evoluir mais com os clubes e monitores (Federação de Canoagem). Esta estratégia é muito importante porque precisamos de atrair os jovens… os clubes são geralmente a única forma de eles se iniciarem na modalidade porque, na maioria, não têm dinheiro nem possibilidades de ter logo o seu próprio material. Depois, todos precisam de alguém mais velho que traga para a praia e que os ensine.



Vincent Thepaut testing his own toys


Gostas de Portugal?

Já estive duas vezes em Portugal, a maioria do tempo à volta da Ericeira. Não foi o suficiente para mim dada a quantidade de grandes spots que vemos e que ficam por surfar. É realmente fantástica a quantidade de boas ondas que Portugal apresenta, apesar de só conhecer para aí uns 10% de todas elas… Estive em Santa Cruz no Mundial de 2011 que decorreu no Ocean Spirit e na Ericeira no euro contest. Tivemos sempre ondas durante estes dois eventos…

Tencionavas ir ao mundial do Brasil?

Não, só tinha planeado ir à África do Sul no próximo ano. Agora, depois do cancelamento do mundial, já não há mais dúvidas! Não foram boas notícias para o waveski mas só demonstram que as pessoas têm que comunicar cada vez mais de forma a defender a nossa modalidade.!



Virgile Humbert, Waveski 2011 World Champion surfing in Portugal / KS Team


Kayaksurf.net…

De alguns anos para para cá, o kayaksurf.net tem sido o único site na internet para o kayaksurf e waveski. Por isso é tão importante porque é uma grande ligação entre os riders de todo o mundo. Juntamente com as produções de vídeo da Subgravity (Xaver Walser), é o melhor que temos no mundo. Depois, tudo se combina no facebook e vemos que realmente é muito importante…

Últimas palavras...

Espero que o kayaksurf e o waveski se possam misturar cada vez mais no futuro. Espero também que que cada vez mais pessoas experimentem o waveski (graças a modelos fáceis como o ONE), o kayaksurf, o SUP… tudo isto faz parte do desportos de ondas com pagaia! Divirtam-se a surfar!

Obrigado Vincent! Boas ondas e todo o sucesso para a KS :);)



SOME MORE PHOTOS



Vincent Thepaut




Vincent Thepaut




Vincent Thepaut




Tony Cherry / KS Waveski Team








Tony Cherry / KS Waveski Team New Zealand-Australia


Trabalho publicado em 04 de Março 2013

Texto - Luis Pedro Abreu

Fotos - KS + Alois Maurizi + SCOS

Video - by Tony Cherry




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