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:: BERNIE HUIGSLOOT 2013 ::







Bernie Huigsloot

À procura das Grandes II / Indonésia 2013


Bernie Huigsloot by Will Souw



Bernie Huigsloot

Já entrevistámos Bernie Huigsloot em Abril de 2012 e o mote da nossa conversa com o mesmo – Bali. O australiano é uma presença habitual nas ondas Indonésias e escolhe ao pormenor a temporada em que vai. Pesquisa afincadamente os sites com o swell para aquela região e, quando estão reunidas as condições ideais, arruma a bagagem e ruma a G-Land. O mítico spot continua a reunir as condições ideais para Bernie. É lá que todos os locais já o conhecem. Quando fica uma ou duas semanas, leva a família e o seu filho Nic, atira-se às ondas com o pai. Só tem 16 anos mas está mesmo a ver-se a que é que sai! Desta vez pedimos a Bernie que nos reportasse na primeira pessoa a surf trip deste ano. Fica o report. Ele bem se queixa que, desta vez, não houve assim ondas tão boas. Pois. Só depois de vermos estas fotos é que vemos o grau de exigência de Bernie hehehehe. Leia o report de Bernie e vejas as grandes fotos da autoria de Dave Thomas. TOP!

WAVESKI em BALI, Indonésia, por Bernie Huigsloot


A aventura deste ano começou uma semana antes da minha chegada a G-Land. Verifiquei que havia um grande swell com origem na costa sul-africana. Segui as tabelas de marés e confirmei que esse swell vinha num percurso ascendente que atravessava o Índico até à Indonésia. É assim que o melhore swell se forma naquela região. Chegada a altura de partir para a Indonésia, verifico que há ondas potentes a atravessar todo o Oceano Índico e um algumas com origem na África do Sul. Pensei… wow! Isto vai estar grande!

No dia em que chegámos à Indonésia, tudo apontava para uma semana de ondas consistentes. Bem, tomámos o pequeno-almoço e preparamos as pranchas para os dias seguintes mas… notámos que os habituais sets que entram pela tarde não estavam a funcionar. Fiquei na praia todo o dia! Isto numa altura em que julgava que ia ter um dos melhores swells da temporada. Nunca me tinha acontecido ficar tanto tempo a “seco”… a menos que estivesse lesionado.





Bem, a chuva caiu toda a noite e inundou o acampamento na manhã seguinte (não dormimos muito). No dia seguinte, o sol mostrou-se por breves instantes e o surf chegou finalmente. Houve ondas grandes, algumas boas marés, mas a principal coisa com que geralmente sempre podemos contar nesta época do ano, (os ventos offshore a meio das manhãs) não estava a funcionar. Foi nestas condições que nos dois dias seguintes tivemos algumas ondas mais ou menos boas e com vento favorável.

Estava tudo meio estranho e as ondas pareciam estar um pouco "Off". Tivemos algumas ondas boas em certas alturas mais limpas mas, nem todas eram perfeitas e havia que escolher bem. Algumas secções eram brutais e outras ondas pareciam ter dentes afiados que a qualquer momento te agarravam e levavam para o buraco! E foi isso mesmo que me aconteceu. As ondas grandes começaram finalmente a entrar e, no quarto dia (o nosso terceiro de surf),eu sai disparado na minha primeira onda. Era um ser medonho e, muito provavelmente, o maior daquele dia. Apanhei então uma onda que, se calhar, devia ter deixado passar…




Todos os surfistas andavam no pico de “Speedies”, a parte mais pesada da onda. A “Rampa de Lançamento” estava igualmente a bombar com força. Esta era uma parte difícil da onda para os waveskis. É uma onda que facilmente te pode destruir se a apanhares de forma errada. É muito fácil ser engolido lá para o meio e isso já aconteceu com os melhores surfistas. Depois, é muito difícil de conseguir um bom lugar no line-up devido ao crowd… mas nesse dia até nem estavam lá muitos surfistas. Mas eu permaneci lá atrás à espera da minha vez, quando chega "O" set monstruoso. O segundo já se via ao longe e eu estava mesmo na sua direcção. Passei um inferno a remar para lá chegar e, sem muito tempo para pensar, virei-me rapidamente e aqui vou eu para o take-off.

Oh, não! E enquanto eu me atirava para aquela bomba, vi que todos os outros remavam rapidamente a fugir. Depois havia muita gente na parede da onda que já me impedia de manobrar para voltar atrás. Havia sulcos na parede da onda, fiz um take-off desastrado e só me vi depois a descer aquela besta. Alguns disseram-me que dei saltos de metro a descer a onda aos pulos. Consegui controlar a descida, fiz o bottom-turn e depois, só me lembro de ver uma cortina de água a fechar-se em cima de mim e bum! Foi um tal wipeout que a minha Go-Pro desapareceu, parti o encaixe, perdi o waveski e tive que nadar um quilómetro para a recuperar. Entretanto, perdi a minha pagaia (ficou lá no mar) e, quando cheguei ao waveski, vi que estava com um lanho enorme no rail… provavelmente provocado pela pagaia. Mas pensei… bem, ao menos EU estou bem!




Foi uma daquelas coisas. Assim que apanhei aquela onda, não havia hipóteses de voltar atrás. Aquela foi a única onda que apanhei naquele dia. Detesto esta sensação de ser vencido pelas ondas. Entretanto, tinha a prancha partida a necessitar de reparação. Tudo para cima de 700 dólares (prancha, pagaia e câmara Go-Pro). Devo dizer que fiquei muito irritado… tal como disse no início, isto estava tudo a correr de forma muito estranha.

Havia surfistas a apanharem boas ondas mas, pelo meio, também vi muitas quedas. Eu próprio testemunhei duas pranchas partidas em duas ondas seguidas. Um outro surfista, partiu três pranchas em três dias. É o que se paga quando se desafiam ondas destas. As correntes estavam fortes demais. Houve uma super-maré devido à lua cheia e, com estas ondas pelo meio, só me via era a remar cada vez mais. Alguns surfistas de SUP nem conseguiam remar contra a corrente- quer fosse por cima da espuma, quer fosse no green. Era mesmo difícil apanhar uma boa onda para surfar!




Na noite a seguir ao meu wipeout, choveu torrencialmente. À mistura, tivemos também uma forte trovoada como eu nunca tinha ouvido. No dia seguinte, tudo estava inundado. Depois, dois dias seguidos de consistentes e boas ondas “speedie”. É à procura destas ondas que muitos dos surfistas vão para G-Land… mas estas vinham mesmo de sul. Com este swell, um outro spot de que também gosto muito - “Moneytrees”- não estava a funcionar. As “speedies” também não estavam a rolar na perfeição. Resumindo: tive que arriscar de novo e ir à procura de melhores ondas pois só tinha mais dois dias.

“Speedies” provoca isto. Coloca todo o crowd num só spot bem localizado e “apertado” e todos esperam a oportunidade de se lançar numa daquelas paredes. No dia seguinte, e como a maré estava a ficar muito baixa, decidi ir até ao spot de “Moneytrees”. “Speedies” estava mais pequeno mas a quebrar mesmo em cima da rocha. Não havia muita gente a surfar aquelas ondas mas, para os mais sortudos, vinham por vezes ondas muito boas. Acabei por desistir porque havia muita gente para tão poucas ondas e, com aquela rocha toda à mostra, estava com algum receio de me aventurar… mau pressentimento.




Os dias seguintes surgiram enublados. Tivemos mais algumas ondas em “Speedies” e em “Kongs” e depois, começaram a desaparecer. Aproveitei para tirar umas fotos aos vulcões existentes e alguém me disse que, quando todos se vêm tão bem no horizonte, é sinal de que não vão existir ondas nos próximos dias. E foi isso mesmo que aconteceu! Bolas! Passámos o resto do tempo a ver fotos mas quase apanhámos a “febre da selva” com tanta chuva e tantas sessões caseiras de cinema.


SOME MORE PHOTOS













Trabalho publicado em 29 de Outubro 2013

Texto - Luis Pedro Abreu e Bernie Huigsloot

Fotos - Dave Thomas & Will Souw




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